quarta-feira, 13 de julho de 2016

Objetivismo e Subjetivismo Estético


Estética - Parte da Filosofia voltada para a reflexão a respeito da beleza sensível e do fenômeno artístico.

SUBJETIVISMO E OBJETIVISMO ESTÉTICOS

A AVALIAÇÃO ESTÉTICA
Quando se trata de falar do valor estético de uma obra, isto é, da sua avaliação em termos artísticos várias questões surgem: "O que se entende por valor estético?»; "O que significa atribuir valor estético a um objeto?"; "Qual fundamento dessa atribuição?"
Há várias doutrinas sobre valor estético do objeto artístico. É costume classificá-las em dois grandes campos:
a) As teorias objetivistas - afirmam que aquilo que torna esteticamente valioso um objeto é as propriedades constitutivas do próprio objeto;
b) As teorias subjetivista - afirmam que o fundamento do valor estético de um objeto não é as suas propriedades objetivas mas sim sua relação com os consumidores estéticos (ou seja, têm de satisfazer, de provocar experiências estéticas, etc.).
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SUBJETIVISMO ESTÉTICO
Afirmações tais como «Quando digo que algo é beloquero dizer que me agrada"A beleza é algo subjetivouma coisa é bela para ti se te agrada e não é bela para mim se não me agradasão claramente subjetivista. O subjetivismo em teoria estéticaembora possa apresentar-se consideravelmente mais sofisticado do que nas afirmações anterioresdefende tenazmente que não estão nos objetos estéticos as propriedades realizadoras da belezamas sim em nós, nas nossas reações perante eles: a atribuição do valor estético só pode dar-se validamente, segundo esta teoria, quando o observador reage de determinada forma ao objetoPor outras palavras a beleza é sempre uma característica «para tiou «para mim". «Isto é belo para mim» careceria de sentido se a beleza fosse uma característica objetiva das coisascomopor exemploa forma quadrada... )
Chamar bela a uma pintura é referir uma relação entre o sujeito e o objeto estéticoem gerala relação de lhe agradar esteticamente.
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AS TEORIAS OBJECTIVISTAS
Ao contrário das teorias subjetivistas, as teorias objetivistas postulam que quando atribuímos valor estético a uma obra de arte estamos a atribuir esse valor à própria obra. Este valor funda-se na natureza do objeto, não no facto de que este agrade ou satisfaça a maioria dos observadores ou os observadores de uma certa classe. Se lhes agrada, isso decorre do fato de possuir valor estético. Assim, a atribuição do valor estético não deriva do fato de a obra agradar aos observadores ou aos críticos de arte. O que a obra de arte exige do observador é um juízo ponderado sobre o seu mérito; e este juízo só pode basear-se nas propriedades da obra, não nas qualidades do observador ou na sua relação com a obra.
Há alguma propriedade ou conjunto de propriedades que constituam o valor estético de uma obra? Há alguma série de propriedades (A, B, C, ... N) que estando presentes garantem que o objeto estético é bom e, não estando, garantem que ele não o é? Uma postura habitual relativa a este problema assegura que existe uma propriedade comum a todos os objetos estéticos que neles pode estar presente em diversos graus (p.ex.: a claridade ou a intensidade). Essa propriedade denomina-se geralmente beleza.
Deve-se, contudo, perguntar: o que constitui a beleza e como reconhecer a sua presença? A isto se responde frequentemente dizendo que a beleza é uma propriedade simples, não analisável, cuja presença só pode ser intuída e não determinada por meio de testes empíricos. Diz-se «A beleza é diretamente apreendida pela mente do mesmo modo que é apreendida a figura." Tal afirmação suscita novas questões. Geralmente estamos de acordo quanto à figura de um objeto e se não o estamos basta submeter as nossas concepções a provas empíricas. Contudo, quanto a saber se esse objeto é belo não se pode chegar assim a um acordo. Ele é difícil e muitas vezes impraticável. Podemos dizer que uma das partes em litígio está equivocada, mas não há modo nenhum de determinar quem está errado, uma vez que a propriedade em questão não é empiricamente verificável, já que só pode ser intuída: e é um fato notório que as pessoas têm intuições conflitantes. Quanto a isto, tudo o que parecemos capazes de dizer é o seguinte: «Agora acaba a argumentação e começa a luta."
A menos que tenhamos alguma chave para resolver as controvérsias em torno do valor estético, este conceito de beleza afigura-se inútil. Contudo, é realmente difícil chegar a um critério válido e verdadeiro, porque as propriedades dos objetos estéticos que os críticos citam são muito variadas e diferem consideravelmente de um meio artístico para outro: o emprego de cores que desperta o elogio do crítico a uma obra pictórica e o emprego de certos tipos de orquestração que dá um colorido especial numa obra musical devem limitar-se a esses domínios artísticos, não podendo servir de critérios gerais para avaliar qualquer obra de arte e muito menos todos os objetos artísticos. Inclusive a utilização de uma imagética rica, que se considera suficiente para elogiar um poema, pode não ser válida para avaliar outro: o fato de a riqueza imagética ser digna de elogio depende do tipo de poema e do contexto total da passagem.
Não obstante todos estes problemas houve alguns intentos para assinalar certos critérios que permitam emitir juízos sobre o valor estético de uma obra; o mais importante e talvez o mais defensável pertenceu a Monroe Beardsley. Segundo ele, existem «cânones específicos» de crítica estética e também certos «cânones gerais»:
a) Os cânones específicos são aplicáveis a certos meios artísticos, ou inclusive a certas classes de obras (a tragédia versus a comédia) dentro de determinado meio artístico. Contudo, Beardsley não entra em detalhes sobre quais são esses cânones específicos) Os cânones gerais, ao contrário, são aplicáveis a todos os objetos estéticos, seja qual for o seu tipo. Há três cânones gerais:
1) Unidade
2) Complexidade
3) Intensidade
A unidade e a complexidade correspondem ao critério da "unidade na variedade" e da "variedade na unidade".
A intensidade é uma exigência que consiste em que a obra tenha certas qualidades gerais, melhor dizendo, regionais.
Assim, elogiar uma obra pictórica porque «está envolta numa certa sensação de calma e de quietude eternas» é elogiá-la pela intensidade de certa qualidade global (regional); elogiá-la por estar realizada em grande escala ou por ser rica em contrastes é elogiá-la pela sua complexidade; elogiá-la por estar bem organizada ou por ser formalmente perfeita, é elogiá-la pela sua unidade. Estes três atributos juntos constituem as propriedades «fautoras da qualidade» dos objetos estéticos.

John HospersEstética

Fonte: http://lrsr1.blogspot.com.br/2011/05/subjectivismo-e-objectivismo-esteticos.html