quarta-feira, 15 de março de 2017

Husserl : noesis e noema

http://blog.domingosfaria.net/2009/08/noesis-e-noema.html

Noesis e Noema


Na análise eidética da consciência pura, consciência esta atingida mediante a epoqué fenomenológica, distingue Husserl dois momentos estruturais pertencentes a toda a vivência intencional: a noesis e o noema, ou seja, a componente “real” e a componente “irreal” ou “intencional”.
A análise “real” da vivência evidencia duas componentes de toda a noesis: as não intencionais, materiais ou hiléticas (os dados da cor, tacto, som, etc., bem como as sensações do prazer e de esforços) e as componentes intencionais que animam as anteriores. Estes dados hiléticos, tornados intencionais, são polarizados em ordem à designação imediata do objecto, surgindo assim a vivência orientada objectivamente, ou noema, que transcende, em certo sentido, a vivência, não pertencendo às suas componentes reais, mas sim constituindo a sua componente irreal ou intencional. Os momentos noéticos e os momentos noemáticos mantêm entre si um paralelismo rigoroso, de tal modo que as formas das multiplicidades noéticas da consciência e as do sentido noemático podem ser construídas em correspondência.

Noema é um vocábulo de origem grega que significa pensamento como objecto do pensar ou objecto enquanto pensado.
Husserl utiliza este termo na análise da vivência pura, para designar a componente irreal-intencional. O noema comporta dois aspectos funcionais: o de sentido imanente, que especifica a noesis como consciência de, e o propriamente cognitivo, de relação ao objecto, mediante o sentido.
No noema a análise descobre, antes de mais, um estrato nuclear, o noema em sentido estrito. Em torno deste situa-se uma mutiplicidade de caracteres noemáticos: modalidades de presentação, caracteres de ser e de valor que formam, com o estrato nuclear, o noema completo.
Do ponto de vista noemático há que distinguir entre o objecto no seu modo de se apresentar, dado pelo noema completo, e o objecto, caracterizado, no como das suas determinações, pelo sentido. As determinações que o constituem variam segundo as diferentes perspectivas, permanecendo, no entanto, como síntese de todas as variações, um objecto idêntico, algo indeterminado, mas a determinar que forma o ponto central e invariável, o objecto puro e simples ou objecto intencional.